Calábria judaica: história antiga e recente

Ferramonti di Tarsia, na região da Calábria, foi o maior campo de concentração fascista da Itália. Entrou em funcionamento no verão de 1940 e foi a residência forçada de milhares de judeus, apátridas, eslavos e opositores ao regime por mais de três anos. O seu fim foi decretado com a chegada do Oitavo Exército britânico, que declarou os internados livres a 14 de setembro de 1943. “Sem a intervenção das forças aliadas, Ferramonti poderia ter sido, para muitos desses prisioneiros, a antecâmara de Auschwitz”, recordou o advogado Giulio Disegni, vice-presidente da União das Comunidades Judaicas da Itália, durante a cerimónia realizada em Tarsia para comemorar o octogésimo aniversário da libertação do campo. “Recordar sempre, nunca esquecer: o nosso compromisso deve ir naquela direção, porque um povo que esquece o seu passado está destinado a revivê-lo”, afirmou Cesare Moscati, o rabino-chefe de Nápoles.
A iniciativa insere-se num contexto de encontros dedicados à Memória, mas também à valorização da história e do legado judaico na Calábria, de Bova Marina até Belvedere Marittimo, de Santa Maria del Cedro até Vibo Valentia. O diálogo em curso “está a devolver-nos o grande interesse e a boa vontade de fazer da Calábria, uma terra que se confirma acolhedora”, observou Disegni. Mais uma demonstração neste sentido, continua o vice-presidente da UCEI, “vem das muitas dezenas de localidades calabresas que propuseram eventos e aprofundamentos por ocasião da última edição do Dia Europeu da Cultura Judaica”. Entre outras, há a pequena cidade de Santa Maria del Cedro, visitada cada ano por rabinos de todo o mundo que buscam os frutos melhores para o Sucot, o festival judaico das cabanas. Uma ligação promovida por figuras como Franco Galiano, fundador e presidente da “Accademia internazionale del cedro” (Academia internacional do cedro), que faleceu o 12 de setembro na idade de 75 anos. As instituições judaicas também se juntaram às condolências de cidades e instituições.
Em Vibo Valentia, entretanto, foi celebrado um pacto de amizade entre a UCEI e a administração municipal. Um dos objetivos é “estabelecer uma colaboração frutuosa e um intercâmbio que conduza à amizade mútua, à promoção cultural, à valorização das tradições, à promoção turística e ao desenvolvimento socioeconómico dos territórios”. O documento apresenta também a assinatura de Roque Pugliese, delegado da Comunidade de Nápoles para a secção da cidade de Palmi (na província de Reggio Calabria).

Traduzido por Klara Mattiussi e revisado por Annadora Zuanel, alunas da Universidade para Tradutores e Intérpretes em Trieste, estagiárias no escritório do jornal da União das Comunidades Judaicas da Itália – Pagine Ebraiche.