ESCOLA – Como explicar o horror às crianças
Contar para os mais jovens o que aconteceu em Israel é uma tarefa delicada. Queremos protegê-los da brutalidade das ações dos terroristas de Hamas, mas não podemos evitar a questão do conflito. Especialmente nas escolas judaicas, onde a conexão direta com Israel é constante. “Quando chegaram à aula, as crianças estavam perturbadas com o que tinha acontecido. Elas sabiam, algumas mais que outras, da tragédia. Tentamos explicar-lhes alguns fatos, mas acima de tudo tentamos desviar a sua atenção para uma mensagem, na medida do possível, positiva: a solidariedade com os seus pares israelenses”, disse Milena Pavoncello, coordenadora das atividades de ensino da escola primária Vittorio Polacco e da escola secundária Angelo Sacerdoti, da Comunidade Judaica de Roma, onde também foram recebidos alguns filhos de israelenses que ficaram bloqueados em Roma. “Nosso objetivo – concluiu – tem sido manter a viva esperança, transmitir confiança no futuro, apesar da dor”.
O tema da informação foi também o fulcro do trabalho de Daniele Cohenca, coordenador da escola secundária de primeiro grau da Escola Judaica de Milão. Na segunda-feira, ao retorno às aulas, todos compartilharam um momento de recolhimento e oração. “As crianças estavam preocupadas, muitas estavam com medo de que até a escola não fosse segura. Por isso, trabalhámos em dois níveis: o primeiro, para acalmar os espíritos, reiterando que aqui estamos seguros. O segundo foi o das imagens. Há fotos e vídeos altamente perturbadores deliberadamente disseminados para prejudicar: não deveriam vê-los nem os adultos, muito menos os menores”.
Cohenca pediu aos seus alunos que evitassem estritamente entrar em contato com este material. “‘Vocês só acabam com se machucar e não vos ajudam a entender’, foi a minha mensagem”. No entanto, ele os convidou a se informarem, “mas sempre com a ajuda e o apoio de um adulto. Se eles tiverem dúvidas, é importante que façam perguntas”. O convite foi para confiar nas fontes autorizadas, não nas redes sociais. “Sempre foi importante, mas é ainda mais importante agora. E então eu reiterei um conceito: ‘não respondam a ninguém nas redes sociais; aos 11, 12, 13 anos vocês não são capazes de fazê-lo, é só uma perda de tempo e piora o seu humor. Fiquem longe de discussões online, mesmo se forem em apoio a Israel’”.
Para responder às muitas perguntas das crianças, foram aprofundados alguns pontos da história de Israel. Uma iniciativa, continua a professora, que “as famílias apreciaram muito. Acredito que esta reflexão é útil para a formação dos mais jovens. Nós não fornecemos só conhecimento, mas damos a eles uma educação”.
Mesmo em Turim, outra cidade com a sua própria escola judaica, tentamos apoiar os mais pequenos e protegê-los das questões mais duras. Como em Roma, o compromisso foi enviar uma mensagem positiva. “Mesmo que nós professores estejamos de coração partido – explica uma das professoras – não podemos mostrá-lo às crianças e temos de trabalhar para que elas não fiquem sobrecarregadas com preocupações. Elas têm que saber que podem confiar em nós.”
Traduzido por Annadora Zuanel e revisado por Klara Mattiussi, alunas da Universidade para Tradutores e Intérpretes em Trieste, estagiárias no escritório do jornal da União das Comunidades Judaicas da Itália – Pagine Ebraiche.